As manifestações populares presenciadas por João Alberto
quando da sua Intervenção no Estado de São Paulo e as
dificuldades demonstradas pela Força Pública para conter as
multidões insufladas por agitadores, foram experiências que
o alertam sobre a necessidade de providências preventivas
contra semelhantes distúrbios na Capital Federal e o fez idealizar
uma corporação preparada de modo profissional para
enfrentar tais acontecimentos com mais eficiência e coragem.
Choque da Polícia Especial, em 1933.Em 5 de agosto de 1932, o governo federal aprovou a
criação da Polícia Especial, tropa de choque subordinada à
Polícia Civil do Distrito Federal, destinada a manter a ordem
quando assim fosse necessário. A sua atuação far-se-ia em casos
excepcionais, mantendo-se aquartelada e dispensada das
atividades de ronda do policiamento normal. Deveria se aprimorar
no condicionamento físico e no manejo das armas.
Iniciou com um efetivo de 180 homens selecionados na
Guarda Civil, na Polícia Militar, nos quadros esportivos dos
clubes do Rio e dentre ex-combatentes da Coluna Prestes. Para
serem admitidos os candidatos deveriam ter altura mínima de
1,75 m, robustez física, boa conduta, instrução geral, menos
de 30 anos e boa dentadura. Com um pagamento bom, atraiu
para as suas fileiras lutadores de boxe como Rubens Soares,
o jogador de futebol Russinho, remadores e nadadores como
Belline, Gaúcho, Pimenta, Serpa, Jujú, Hermínio e outros.
Havia dois uniformes: um azul-marinho, com polainas
brancas e quepe vermelho para solenidades e outro de serviço
na cor cáqui e quepe vermelho. Recebeu como armamento
as metralhadoras Hotchkiss cal. 7 mm, submetralhadoras,
Bergman, Suomi e Ina, revólveres Colt e Smith&Wesson, pistolas
Mauser e Luger, granadas de gás lacrimogêneo e efeito
moral, riot gun com munição de impacto, disentérica vomitiva
e de gás lacrimogêneo.
Atletas da Polícia Especial.O primeiro alojamento foi no Palácio das Festas da Feira
de Amostras de 1929 na Ponta do Calabouço, próximo ao
atual Museu Histórico Nacional, adaptado para instrução e
práticas desportivas.
Após dois meses da organização da polícia de choque, no
dia 22 de outubro de 1932, na Esplanada do Castelo, a corporação
recebeu o seu estandarte das mãos de Getúlio Vargas,
Chefe do Governo, presentes o Chefe de Polícia João Alberto
e o Primeiro Comandante Eusébio de Queiroz Filho.
Sede da Polícia Especial, no Morro de Santo Antônio.Depois, as suas instalações foram transferidas para o
Morro de Santo Antônio, onde permaneceu até o seu desmonte,
para fornecer material para o Aterro do Flamengo.
Em 11 de maio de 1938, quando integralistas sob o
comando do tenente Severo Fournier atacaram o Palácio
Guanabara, residência do Chefe de Estado, a Polícia Especial
foi a primeira tropa a dar combate aos atacantes.
Jorge de Oliveira Costa, ex-P.E., no seu livro “Uma Polícia
Muito Especial”, descreveu como funcionava o choque: “Em
dois minutos, no máximo, o choque tinha que estar pronto para
partir para uma missão. Por isso, os componentes escalados
permaneciam prontos para qualquer eventualidade. Mesmo,
deitados em descanso ficavam uniformizados com armas ao
lado. Quando tocava a sirene, ao terceiro apito, seus homens,
como num passe de mágica, já estavam embarcados no carro de
choque, que ficava sempre preparado para tal. Dois motociclistas
na frente abriam caminho com as suas sirenes e o caminhão
do choque, além da sirene, possuía um apito estridente que era
acoplado ao acelerador. Geralmente, com o som das sirenes todos
corriam, o que sempre facilitava a ação”.
Desfile da P.E., em cerimônia no Morro de Santo Antônio.Por ocasião da criação do serviço de radiopatrulha na
cidade, em 12 de janeiro de 1948, alguns policiais especiais
passaram a compor as suas guarnições. Eram 20 viaturas da
marca Chevrolet, modelo “De Luxe”, guarnecidas por dois policiais
especiais chefiados por um detetive.
A Polícia Especial foi extinta em 21 de abril de 1960 com
a mudança da capital para Brasília. A maior parte do efetivo
ficou no novo Estado da Guanabara e os policiais transformados
em detetives. Alguns optaram por permanecer na União
e, mais tarde, integraram a Polícia Federal.
Foto da guarnição da Polícia Especial da década de 50.
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