domingo, 23 de janeiro de 2022

A POLÍCIA ESPECIAL - 1932


As manifestações populares presenciadas por João Alberto

quando da sua Intervenção no Estado de São Paulo e as

dificuldades demonstradas pela Força Pública para conter as

multidões insufladas por agitadores, foram experiências que

o alertam sobre a necessidade de providências preventivas

contra semelhantes distúrbios na Capital Federal e o fez idealizar

uma corporação preparada de modo profissional para

enfrentar tais acontecimentos com mais eficiência e coragem.

      Choque da Polícia Especial, em 1933.

Em 5 de agosto de 1932, o governo federal aprovou a

criação da Polícia Especial, tropa de choque subordinada à

Polícia Civil do Distrito Federal, destinada a manter a ordem

quando assim fosse necessário. A sua atuação far-se-ia em casos

excepcionais, mantendo-se aquartelada e dispensada das

atividades de ronda do policiamento normal. Deveria se aprimorar

no condicionamento físico e no manejo das armas.

Iniciou com um efetivo de 180 homens selecionados na

Guarda Civil, na Polícia Militar, nos quadros esportivos dos

clubes do Rio e dentre ex-combatentes da Coluna Prestes. Para

serem admitidos os candidatos deveriam ter altura mínima de

1,75 m, robustez física, boa conduta, instrução geral, menos

de 30 anos e boa dentadura. Com um pagamento bom, atraiu

para as suas fileiras lutadores de boxe como Rubens Soares,

o jogador de futebol Russinho, remadores e nadadores como

Belline, Gaúcho, Pimenta, Serpa, Jujú, Hermínio e outros.

Havia dois uniformes: um azul-marinho, com polainas

brancas e quepe vermelho para solenidades e outro de serviço

na cor cáqui e quepe vermelho. Recebeu como armamento

as metralhadoras Hotchkiss cal. 7 mm, submetralhadoras,

Bergman, Suomi e Ina, revólveres Colt e Smith&Wesson, pistolas

Mauser e Luger, granadas de gás lacrimogêneo e efeito

moral, riot gun com munição de impacto, disentérica vomitiva

e de gás lacrimogêneo.

         Atletas da Polícia Especial.

O primeiro alojamento foi no Palácio das Festas da Feira

de Amostras de 1929 na Ponta do Calabouço, próximo ao

atual Museu Histórico Nacional, adaptado para instrução e

práticas desportivas.

Após dois meses da organização da polícia de choque, no

dia 22 de outubro de 1932, na Esplanada do Castelo, a corporação

recebeu o seu estandarte das mãos de Getúlio Vargas,

Chefe do Governo, presentes o Chefe de Polícia João Alberto

e o Primeiro Comandante Eusébio de Queiroz Filho.

         Sede da Polícia Especial, no Morro de Santo Antônio.

Depois, as suas instalações foram transferidas para o

Morro de Santo Antônio, onde permaneceu até o seu desmonte,

para fornecer material para o Aterro do Flamengo.

Em 11 de maio de 1938, quando integralistas sob o

comando do tenente Severo Fournier atacaram o Palácio

Guanabara, residência do Chefe de Estado, a Polícia Especial

foi a primeira tropa a dar combate aos atacantes.

Jorge de Oliveira Costa, ex-P.E., no seu livro “Uma Polícia

Muito Especial”, descreveu como funcionava o choque: “Em

dois minutos, no máximo, o choque tinha que estar pronto para

partir para uma missão. Por isso, os componentes escalados

permaneciam prontos para qualquer eventualidade. Mesmo,

deitados em descanso ficavam uniformizados com armas ao

lado. Quando tocava a sirene, ao terceiro apito, seus homens,

como num passe de mágica, já estavam embarcados no carro de

choque, que ficava sempre preparado para tal. Dois motociclistas

na frente abriam caminho com as suas sirenes e o caminhão

do choque, além da sirene, possuía um apito estridente que era

acoplado ao acelerador. Geralmente, com o som das sirenes todos

corriam, o que sempre facilitava a ação”.

          Desfile da P.E., em cerimônia no Morro de Santo Antônio.

Por ocasião da criação do serviço de radiopatrulha na

cidade, em 12 de janeiro de 1948, alguns policiais especiais

passaram a compor as suas guarnições. Eram 20 viaturas da

marca Chevrolet, modelo “De Luxe”, guarnecidas por dois policiais

especiais chefiados por um detetive.

A Polícia Especial foi extinta em 21 de abril de 1960 com

a mudança da capital para Brasília. A maior parte do efetivo

ficou no novo Estado da Guanabara e os policiais transformados

em detetives. Alguns optaram por permanecer na União

e, mais tarde, integraram a Polícia Federal.

         Foto da guarnição da Polícia Especial da década de 50.


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