O dr. Coriolano de Araújo Góis Filho chefiou a Polícia
do Distrito Federal de novembro de 1926 a setembro
de 1930, quando foi nomeado Ministro do então Supremo
Tribunal Militar. No dia 26 de setembro de 1930, transmitiu
o cargo ao delegado de polícia dr. Pedro de Oliveira Ribeiro
Sobrinho em posse festiva com vários discursos homenageando
tanto o chefe afastado como o novo titular.
Em três de outubro de 1930, irrompeu no Rio Grande do
Sul o movimento revolucionário promovido pelos próceres da
Aliança Liberal com o apoio de Minas Gerais e Paraíba, assinalando
o momento de ruptura com o velho regime. Enquanto as
adesões se estendiam por todo o país, as tropas do Exército, sob
o comando do tenente-coronel Góis Monteiro, marchavam em
direção à São Paulo conseguindo angariar o apoio dos Estados
do Rio de Janeiro e Mato Grosso. Continuavam fiéis ao governo
federal São Paulo e Distrito Federal. Diante da iminência
do embate das tropas revolucionárias com as forças governistas
dispostas em Itararé, no dia 24 de outubro, os generais, Tasso
Fragoso, Chefe do Estado-Maior do Exército, e Mena Barreto,
Comandante da 1ª Região Militar, antecipando-se ao confronto
depuseram o Presidente Washington Luiz, formando uma
junta militar provisória, integrada também pelo Almirante José
Isaías de Noronha, ex-Comandante em Chefe da Esquadra e
representante da Armada. Tornou-se vitoriosa a Revolução de
30 com Getúlio Vargas à frente do Governo Provisório.
Revolução de 30, Vargas no poder.Vitorioso o golpe do Exército, multiplicaram-se as manifestações
populares espalhadas pelas ruas do Rio e acabou
por surgir um grupo que se dirigiu ao Palácio da Polícia, onde
pretendiam libertar os presos que porventura ali estivessem.
Estavam de serviço e permaneceram, com coragem, para enfrentar
a fúria popular, o delegado da 4ª Delegacia Auxiliar,
dr. Paula e Silva, o suplente de delegado Moreira Machado e o
policial Martins Vidal. Respeitável e destemida atitude desses
três policiais por não abandonar o posto de trabalho malgrado
a aproximação de desconhecidas ameaças. Enquanto os
três eram recolhidos ao xadrez, foram libertados quatro presos
dentre os quais o tenente João Cabanas da Força Pública
de São Paulo, participante da revolução paulista de 1924, chefiada
pelo general Isidoro Dias Lopes, preso dias antes na Rua
do Resende, denunciado por sua ex-mulher, atriz de teatro
italiana Olga Navarro (Olça Marduzzo Cabanas) por questões
relacionadas com a partilha de bens.
O Palácio da Rua da Relação, construído para sede central
dos serviços administrativos da Polícia Civil do Distrito
Federal e gabinete do Chefe de Polícia, nunca foi uma masmorra.
A Revolução chegou ao Palácio da Relação.O Presidente Washington Luiz, chefe de um governo
constitucional, em nada se assemelhava com os famigerados
ditadores da época. O prédio alojava, em grande parte,
serviços administrativos de pessoal, material, contabilidade,
tesouraria, gráfica, oficinas de manutenção de veículos, garagens
etc. Além destes, havia as quatro delegacias auxiliares,
cada qual especializada na investigação de determinadas modalidades
de infrações penais e mais os gabinetes periciais.
A turba, conduzida por hábeis insufladores, deparou-
-se com o delegado Luiz de Paula e Silva, que deixou a titularidade
do 30º Distrito Policial para assumir a chefia da 4ª
Delegacia Auxiliar. Moreira Machado estava nela lotado já há
alguns anos e Martins Vidal se especializou em investigar os
crimes contra o patrimônio. Os presos encontrados, em pequeno
número, eram de detenção recente, como no caso de
Cabanas. Por ironia, a ação dos manifestantes antes de derrubar
uma “Bastilha” prenunciava a vindoura falta da liberdade.
Seguiu-se uma corrida ao cargo de Chefe de Polícia, a
princípio, ocupado pelo capitão Carlos Chevalier. Em 25 de
outubro de 1930 assumiu o coronel José Sotero de Meneses, em
26 o coronel Bertoldo Klinger e em caráter efetivo João Batista
Luzardo, de 4 novembro daquele ano até março de 1932.
Parlamentar com fama de tribuno e guerreiro, Batista
Luzardo recebeu o cargo do coronel Klinger. Em discurso,
declarou-se “soldado mobilizado da revolução nacional, ainda
a frente de suas tropas, mal chegado à capital da República recebera
do comando supremo das forças libertadoras, ordem de
ocupar o setor da administração pública”. “Dava à revolução
que pregou e defendeu a continuidade do seu esforço e dedicação”.
E, continuando, disse, “respeitarei todos os direitos e
assegurarei todas as liberdades. Velarei pela ordem com carinho
que me merece a população desta nobre cidade”.
Delegado Salgado Filho foi a primeira autoridade nomeada.Um dos primeiros atos do novo Chefe de Polícia foi a nomeação,
por meio de portaria, do dr. Joaquim Pedro Salgado
Filho para titular da 4ª Delegacia Auxiliar. Salgado Filho era
advogado e militou em defesa dos presos políticos durante o
governo deposto. Após a saída de Luzardo, exerceu interinamente
a Chefia.
O Governo Provisório se institucionalizou com o decreto
de 11 de novembro de 1930. Foram dissolvidos o Congresso
Nacional, Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais, e
assumiu Vargas poderes discricionários para governar.
O dispositivo citado previa a eleição de uma Assembleia
Constituinte, que substituiria a Constituição de 1891.
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